Um dia de fogo na Marinha Grande - 15 de outubro de 2017














Muitas questões a lavrar-me por dentro. Temos o conhecimento mas ainda não interiorizámos rotinas de prevenção e alerta. Persistimos em comportamentos de risco fruto de hábitos antigos, tradições, vícios de carácter. Os tempos mudaram e o tempo mudou. O clima mudou. Temos de mudar muito e muita coisa. Não temos é coragem para assumir tamanha empresa. E enquanto isso o país espera que não aconteça o pior. Mas acontece. O país arde e morre gente. Se é algo complexo, que demora a ser feito, então vamos iniciar a tarefa quanto antes, agora, já. Do mais fácil para o mais difícil, de possível em possível. Que todos os que concorrem na responsabilidade se impliquem na solução. Que se chame quem sabe a pensar e a fazer o que pode ser feito antes que Portugal desertifique e se transforme no norte de África. E já agora que se coloque quem sabe à frente da tomada de decisões importantes. E que se pare de distribuir lugares de responsabilidade pela cor dos lindos olhos. E se apurem falhas porque gerir estes assuntos não pode continuar a ser um rega-bofe: quem aceita ou mostra estar à altura ou responde pelo desaire, em Lisboa ou na província. Até parece que quanto mais importante o posto mais desculpáveis os erros. Tudo isto é coisa que vem de longe, de muitos verões passados. Não me digam não ser agora o tempo de julgar e criticar, que as vítimas exigem o recolhimento e o infortúnio pede o luto: o tempo já era ontem e ontem já era tarde. Sim, continuo irada pelo que assisti e pelo que antevejo ainda.E também porque não posso fazer nada a não ser vociferar e gesticular para o ar como uma idiota. E também por saber que nada me garante que quem está à frente dos nossos destinos não falhe de novo. Errar é humano mas não aprender com os erros é descrédito. E isso é pior que falhar de novo. Se isto não é o inferno é, todavia, um ciclo infernal que Portugal não merece, ninguém merece esta desolação. Não nos entreguemos sem luta à conformação de que não se pode fazer melhor.

Sugestão de leitura: 

"Paulo Fernandes, perito da Comissão Técnica Independente, alerta que poderiam ter sido tomadas medidas perante o elevado risco meteorológico. Furacão Ophelia elevou o perigo de incêndio para recordes nacionais" Ler o texto integral, aqui.

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