Outono na praia da Figueira da Foz











O Outono começou no passado domingo, às 21H44, num dia com temperaturas bastante elevadas. Pelo gráfico do site do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) eu antecipei que era o fim do bem bom pelo que me apressei a tratar da vidinha para poder correr para a praia. Setembro e Outubro não são carne nem peixe. Pode fazer calor, pode fazer frio. Não é incomum vermos pessoas de manga curta e sandalinha no pé e outras já todas equipadas para o pior, aproveitando para exibir as pecinhas outonais recém compradas. Eu sou das que costuma resistir a essas novas indumentárias o mais possível! Faço o que posso para esquecer que o Outono já chegou! Em Outubro de 2011 ainda ia à praia, isso é que foi! Quando já toda a gente andava louca por causa da falta da chuva eu rejubilava. É um facto comprovado pelos senhores da meteorologia, os Outubros estão cada vez mais quentes. Não consta que este vá ser assim. Hoje quando acordei ouvi logo o som dos pneus dos automóveis a rolar sobre o piso molhado. Estava assim oficialmente inaugurada a época de neura.

No sábado, na praia, lembrei-me do alarmismo gerado pela notícia de há uns meses: não ia haver Verão em Portugal. A má nova vinha de França e proclamava que o Verão ia ser o mais frio dos últimos 200 anos. A fonte era um canal francês de informação meteorológica – La Chaine Météo - que se baseou em modelos estatísticos para fazer futurismo! O Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) veio logo sossegar as alminhas mais inquietas dizendo que isso eram cenários mais carregados de incertezas que nuvens prenhas de chuva. Estavam certos. Na meteorologia as previsões são mais voláteis que no tarot. Qualquer argumentista de Star Treck terá tido mais possibilidades de acertar nas previsões quanto ao futuro! Fica a lição. Assim foi que Portugal teve direito à sua normal quota de dias de sol para alegria dessa raça que dá pelo nome de veraneantes, aqueles que escolhem os dias de Verão para cobrar ao calendário alguns dias de descontração.

Ao longo deste Verão fiz alguns passeios giros mas não consegui ir tantas vezes à praia como gostaria. No entanto não posso queixar-me. Antes qualidade do que quantidade e este ano a praia da Figueira da Foz teve condições magníficas. No segundo fim-de-semana de Agosto a praia estava a abarrotar de gente, como eu já não me lembrava. Tenho a certeza de que quem esteve por cá vai voltar. Apercebi-me de muitos estrangeiros na zona onde sempre fico, Buarcos. Estranhamente não tive de me debater com ventanias severas, nunca carreguei com o tapa-vento! Não havia vento, ou se havia era pouco, e até vento morninho, que eu adoro! E a memória de águas geladas, daquelas que fazem doer os tornozelos, não passou disso mesmo. De facto vi até um vídeo onde a nadadora salvadora de serviço, uma jovem loira e bronzeada, referia que já tinha medido 23 graus nas águas do mar da Figueira. Infelizmente ela também garantiu que não é algo com que possamos contar para futuro, é uma condição variável que depende das correntes. Quem aproveitou sabe do que escrevo. Já tenho saudades!

Mas, como sempre, lá chovem as minhas críticas. Uma coisa que me desagrada é que os concessionários comecem a recolher as passadeiras mal bate o 31 de Agosto. Levantam barracas e toldos e passadeiras por atacado. Na primeira quinzena de Setembro ainda há muitos banhistas na praia. Será que a CM não podia substituir aquelas passadeiras por algumas mais permanentes? Umas placas de cimento, por exemplo? Não são tão bonitas mas duram. Eu adoro a praia mas não frequento no inverno. Todavia há quem vá muito até lá também no Inverno e a quem essas placas dariam muito jeitinho. Outro motivo de desagrado que se renova a cada ano é a porcaria que as pessoas fazem e deixam na praia. Neste fim de semana a malta deixou os sacos de lixo nas passadeiras de madeira, nas que não são amovíveis!! É inclassificável! Possivelmente porque os caixotes de lixo também foram recolhidos pelos concessionários, - eu nem reparei se eles ainda lá estavam, enterrados no areal! Mais uns metros e há contentores verdes na avenida! Mas não. Ali mesmo é que é bonito. Que tristeza. E, ironia, bem perto do sinal de proibição de cães na praia. Como se fossem eles os maiores porcalhões do areal!

E é assim. Oficialmente inaugurada a época de neura. Agora é quando eu começo a sonhar com uma casa no Brasil, uma cabana modesta junto a um mangal a estender-se até ao mar, o cheiro a árvores ensolaradas a entrar pela janela, de manhã cedo, o sabor a sal na pele dos lábios. O contador ali ao lado diz-me que faltam mais de duas centenas de dias para o Verão. Aguentemos firme! Recomeçou a contagem!

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