Festivais: Janelle Monae foi uma Electric Lady na Zambujeira




Verão. Tempo de festivais de música por todo o lado, Coachella, Pitchfork...Sudoeste!! Eu não me sinto atraída por festivais de verão e quando leio que milhares de jovens encheram o recinto deste ou daquele festival ponho-me logo a torcer o nariz. No verão é tudo medido em mares de gente mas eu tenho medo de me afogar na multidão, não nado nada bem neste conceito! Festivais de verão vivem do exagero dos números: muitos nomes em cartaz, uns com letra grande, outros com letra menor, outros quase invisíveis. Muita gente a circular, muito lixo produzido por certame, muita cerveja a entrar, muita urina a sair, muito de tudo. Há que admitir, já não sou jovem, pelo menos de acordo com o BI, formulários e estatísticas, talvez não seja mesmo público-alvo dos festivais de verão. Por causa dessa minha aversão já perdi a actuação da Janelle Monae várias vezes. Esteve no Sudoeste em 2011. Mas, lá está, eu já nessa data não era muito jovem. Ela é que é jovem dos pés à cabeça, não tem aversão a banhos de multidão, que merece, sem dúvida, e parece gostar de Portugal, pois por cá canta, dança e pinta a manta. Antes disso tinha actuado em Lisboa, no Super Bock Super Stock, Festival que não é um festival de verão e que até tinha uns concertos em salas, justamente o que eu mais gosto. Mas falhei.
(Quem esteve no Sudoeste)

Tudo isto a propósito de um telefonema do Zé. O Zé estava ou esteve no Festival da Zambujeira do Mar ou Festival do Sudoeste, lá na Herdade da Casa Branca. Eu não gosto muito de telemóveis e o telemovel que uso é uma velharia tal que a maior parte das vezes quando recebe chamadas, pimba, desliga-se! A bateria deve estar arruinada se não for isso é outra coisa qualquer. Costumo ter o 91 desligado muitas vezes, mas uso quando vou para a praia, para saber as horas e ligar para o 112 se alguém se estiver a afogar. Brinco, mas a única vez que vi alguém na eminência de ser engolido pelo mar nem telemóvel tinha para chamar socorro e como nado que nem um prego senti-me verdadeiramente impotente! Pois é, tenho de comprar um telemóvel desses bem espertos, mas isso é quando tiver uns trocos extra. Por acaso há um que até me piscou o olho, um tal Samsung Galaxy Note 2, pois dá para fazermos uns desenhos bem giros, dava jeito. 

Fiquei a saber que tenho amigos com sorte, ele tinha ganho um passe - que custa quase 100 euros - para ver aquilo de fio a pavio. Pois eu nem assim, nem paga - a não ser que muito bem -, nem mesmo levada de helicóptero ou pelos ares nos braços do Homem-de-Ferro até à tal Herdade da Casa Branca. Curtam lá os não sei quantos palcos, o campismo, a erva, chamem pela Elsa, Oh Elsaaaa, onde estás, as ondas. Não há nada como ter amigos sintonizados na mesma onda que nós. O Zé ligou-me para me dizer maravilhas do concerto da Janelle. É claro que ao fim de uns segundos a chamada caiu e ele voltou a ligar e voltou a ligar. Acabámos a trocar mensagens e foi assim que soube que a moça foi demais, que cantou tudo e mais alguma coisa, do The ArcAndroid, do novo CD que aí vem, há que tempos que estou à espera, e até canções de Prince. É claro que o Zé foi um querido mas eu não estaria a escrever isto se numa das SMS ele não tivesse escrito, "tinhas razão, ela é mto boa". Eu não aprecio muito vocalistas femininas mas a Janelle é uma das recentes excepções. A princesa do R and B, arraçada de James Brown e cruzada de robot andróide, é um portento. Com a Janelle Monae "the only way is up", como cantava a loura Yazz, nos longínquos anos 80. Exuberante, enérgica, cheia de personalidade, uma verdadeira estrela. E eu aqui, roída de inveja do Zé. Mas já não sou jovem. Paciência. Eu continuarei à espera que a festivaleira Janelle se decida a vir dar o seu enérgico show numa sala. E da próxima vez não falho.




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