As mulheres têm os fios desligados, por Lobo ANtunes


Pequena biografia de António Lobo Antunes, aqui

"e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo?"

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de António Lobo Antunes
in Visão 31 de Julho de 2008

Comentários

Helder Dias disse…
Adoro a solidão. Permite-me sonhar.
O "ronhónhó" sou eu que quero e ela não, adoro sentir a respiração dela em mim e quando fantasio é nela que penso a maior parte das vezes.

Compreendo que as experiências que possam parecer negativas e de de difícil trato conduzam a induzir a maldade de um grupo de pessoas pelas acções de algumas à generalidade. Esta é a forma irracional, menos saudável e mais fácil de lidar com os problemas de maneira que pareçam culpa dos outros e não nossa.
Aplicar o método dedutivo é a forma racional, mais saudável, que requer mais trabalho e por isso ignorada.