Montemor-o-Velho: um calendário de memórias



No dia 7 de Janeiro foi apresentado na Galeria Municipal de Montemor-o-Velho o Calendário 2012 “Memória e Território” e também inaugurada a exposição fotográfica “Montemor a preto e branco”. A iniciativa - reportagem aqui - contou com a colaboração de montemorenses que cederam fotografias para o efeito. O calendário mostra fotos antigas enquadradas por molduras assentes em papel de parede com motivos florais. Estas fotos que decoraram muitas casas senhoriais em tempos passados, evocam agora memórias da história da vila e das pessoas que a habitaram entre os finais do século XIX e a década de 70 do século XX. Na capa, o castelo reflectido no rio Mondego, dentro, a praça da vila cheia de viaturas e de água das cheias no ano de 1950, uma barcaça em plena travessia do rio, levando dentro pessoas e uma junta de bois atrelada ao carro, cenas de uma procissão, muitas fotografias de grupos das colectividades, demonstrando a rica vivência cultural - dança, música, teatro, - e desportiva - a celebridade do ciclismo, Alves Barbosa, o futebol,- de então, e mais fotografias da vila alagada pelo Mondego. A minha mãe também foi convidada a participar - ela é natural dali - e das fotografias que enviou, esta foi a escolhida. Mostra um carro de bois no largo dos Anjos, a passar em frente a um chafariz, e foi tirada em 1955.




O que é pena é o horário para visitar a Galeria Municipal ser como é, de segunda a sexta-feira, das 14:00h às 15:00 horas. Gostava que alguém me explicasse quem é que alguém que trabalhe pode visitar esta e outras exposições que ali se façam. Ao menos que mudassem o horário de forma a coincidir com o horário do almoço - melhor ainda, que montassem lá um serviço de café e convidassem o pessoal a ir até lá fazer a digestão. Assim, deixem-me perspectivar os potenciais visitantes da Galeria: estudantes em visita de estudo, turistas bem informados, reformados, desempregados e ociosos. Não é assim que se aproxima a cultura das pessoas, seja ela qual for. Fazer cultura não é só produzi-la, é colocá-la à disposição dos públicos. Se não pensarem assim, mais vale estarem quietos. Em Montemor ou em qualquer lugar.

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