Marés vivas na Figueira da Foz

(À procura de Nemo.)
(Quatro em linha.)
(Apanhada!)





(O Dr.House fez a derradeira operação cirúrgica e mudou-se para Portugal.)
(Os fotógrafos de olho nos surfistas.)
(O areal lavadinho...)
(Gaivota em terra...)
 (Uma onda a enrolar.)
 (Não se percebe na foto a altura desta massa de espuma, mas eu recuei!!)
 ( Esta menina andava a brincar com a sua cadelita minúscula de nome Lua!)
Chama-se João, é da Cova-Gala e andava a surfar ondas gigantes na boa.)
(Não se consegue ter a noção do tamanho daquela onda.)


O fenómeno das marés vivas atrai espectadores de todas as idades. A experiência provoca reações diversas de respeito pela Natureza, admiração, medo. Ninguém arreda pé da beira do mar, os olhos medindo cada nova onda que cresce do leito marinho e se lança sobre o areal com velocidade até recuar e sumir-se na massa de água revolta. Apesar de ir com frequência à praia este foi o primeiro ano em que presenciei de perto o acontecimento, ou seja, em que estava mesmo na praia.

Depois de um Julho ventoso e de um Agosto chuvoso, Setembro trouxe um sorriso de Verão à cara dos banhistas que ainda restam. A praia da Figueira já não tem quase barracas listadas e os frequentadores espalham-se pelos muitos metros quadrados de areia à disposição. Em Buarcos as barracas continuam montadas na zona concessionada e fora dela as toalhas atapetam o chão e erguem-se chapéus de sol e tapa-ventos coloridos. Os vendedores de bolacha americana, bolas de berlim e gelados ainda se afadigam ziguezagueando, ainda parece Verão. Os fins de tarde têm estado amenos e o mar tem dado espectáculo. O de ontem superou as expectativas. Foi um dos raros dias em que havia mais gente de pé na areia do que deitada nas toalhas. Eu também circulei mais do que é costume!

Aproveitei o passeio para fazer fotos e ir trocando impressões com algumas pessoas mais disponíveis. De todas a mais simpática foi a Lydia, talvez seja assim que se escreve o seu nome. Esta senhora, uma inglesa típica, loira e de olhos azuis, viajou de Essex até cá a convite de uma família amiga. A filha deles está a trabalhar no Casino, é bailarina. Acabou agora de se reformar, trabalhava numa instituição de jovens deficientes mentais. Apenas tinha visitado Coimbra e hoje já seguia para o Porto, ia lá apanhar o avião de regresso. É claro que a aconselhei a ir o mais cedo possível para ter tempo de visitar a minha cidade portuguesa favorita! Lydia estava deslumbrada com a força do mar e queria saber se era sempre assim. Lá expliquei que era um fenómeno relacionado com o equinócio, a Lua, o Sol, mas que nem lhe sabia explicar bem como sucedia. A minha lacuna em ciência e o meu inglês preguiçoso, conjugados, não devem ter causado a melhor das impressões! Mas não a impediram de perceber, ela mesma tinha reparado na Lua cheia na noite anterior. Estava felicíssima por ter podido assistir às marés vivas e ia contar e mostrar as fotos em casa, às amigas, tal o impacto da experiência! Eu compreendo-a pois também gostei imenso de ver a coisa de perto e ao vivo, mesmo se passo o tempo a olhar o mar! Depois a conversa resvalou para os lugares comuns, a simpatia dos portugueses que ela tinha conhecido, onde eu acabara de me incluir, contrastando com a frieza e má educação dos ingleses, - mas que ela acredita serem apenas uma minoria - o Algarve. A troca de galhardetes prosseguiu comigo a dizer que também tinha sido bem acolhida em Londres mas que isso me tinha surpreendido em virtude da fama que os precede! Depois desta conversa internacional fiquei sem mais vontade de socializar e deixei a Lydia a tirar a centésima foto à centésima onda, indo esticar-me um pouco na toalha, antes de fazer nova ronda pelas gaivotas e demais personagens do areal.

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