Pilobolus, EUA, e Yang Liping, China - Tradição e modernidade na dança



Duas culturas absolutamente diferentes, EUA e China, mas também dois países actualmente tão economicamente ligados que quase os diria reféns um do outro! Independentemente das crenças, das tradições, das visões políticas, que os individualizam e afastam, a linguagem da arte, da dança, neste caso, é capaz de ultrapassar fronteiras e divergências, de unificar opiniões sobretudo quando a criatividade e o talento são de uma evidência tão esmagadora.

Podia ter escolhido outros artistas para este apontamento. Mas gosto muito destes que vos trago hoje, Pilobolus e Yang Liping, até pelo contraste expressivo que encerram. Pilobolus é um nome estranho, ninguém diria, mas na sua origem é um género de fungos que normalmente se desenvolve em excrementos de herbívoros!! Mas é também o nome de uma conhecida companhia de dança fundada nos anos 70, nos EUA. Este grupo desenvolveu uma mistura de acrobacia, ginástica e dança contemporânea nas suas criações. E com sentido de humor também. Em 2007 Pilobolus fizeram uma apresentação na 79 ª cerimónia de entrega dos Óscares chegando a um público muito vasto e até aí desconhecedor da sua arte. Pilobolus tem, actualmente, três ramos de actividade - dança Pilobolus (uma empresa de teatro que faz digressões); Instituto Pilobolus (programação educativa) e Pilobolus Creative Services (serviços para cinema, publicidade, edição literária, clientes comerciais e eventos corporativos). Pilobolus existe há mais de três décadas e não pára de deslumbrar com as suas coreografias colectivas feitas de interações e equilíbrios espantosos, e até bizarros, acrobacias e perícia.

Dos EUA para a China. Algo totalmente diferente e que mergulha nas raízes culturas da China antiga. Yang Liping, nasceu na província de Yunnan em 1958 e é uma lenda viva da dança. Yang nunca recebeu formação formal em coreografia e começou a sua carreira dançando em na Companhia de Dança de Xishuangbanna em 1971, quando ela tinha apenas 13 anos de idade. Em 1986, com 28 anos, Yang Liping tornou-se famosa em toda a China depois de coreografar e interpretar a dança clássica oriental Espírito do pavão.

Em Janeiro de 2012, com mais de 50 anos, voltou a encantar a China e o mundo com a sua reinterpretação da dança. Yang Liping desde sempre se preocupou em preservar as tradições antigas mas sem esquecer um sentido de modernidade que ela pressente ser essencial para fazer a ponte entre os tempos.

Como dançarina, Yang manteve o extraordinário hábito de observar tudo na vida. Havia girassóis em torno da sua casa e ela sempre pensou que era uma flor com espírito único, uma que "se move em direção à luz e beleza". Mais tarde, em muitos dos trabalhos de dança, muitos movimentos imitavam o girassol. Quando Yang foi para aldeias com o grupo fazer espectáculos, ela ia viver com os moradores locais e ajudar no trabalho do campo. A experiência fez com que conhecesse diferentes grupos minoritários e, assim, ela aprendeu a dançar em várias culturas. A coisa mais maravilhosa dessas experiências foi observar os pavões. Os pavões verdes em Xishuangbanna eram menores do que os habituais pavões azuis, mas mais delicados. "Eles nascem dançarinos." , defende Yang Liping! Com um profundo afecto por estas aves, Yang foi coreografando e interpretado danças de pavão. Como um artista com forte individualidade e estilo único, ela nasceu para a dança a solo. O Espírito do Pavão apresenta um pavão personificado, em que a dança imita várias as posturas típicas da rainha das aves. No entanto, a dança é mais do que a imitação física, mas uma representação tanto física como psicológica de um pavão. A essência da dança do pavão está no movimento dos braços delicados do bailarino.


Fonte do texto sobre Yang Liping, em inglês, aqui.

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