Cinema: 2012, filme catástrofe de Roland Emmerich


Roland Emmerich. Não sei o que se passa na cabeça deste realizador. Adora destruir o planeta nos seus filmes. Primeiro fomos invadidos por extraterrestres muito ruins que tinham ganas de nos exterminar. Foi no Independence Day, um filme com piada, em que o Will Smith dava um murro num dos bichos, aniquilando-o à moda antiga. Depois ressuscitou a Godzilla e a bichinha lá provocou a sua dose de caos. Depois foi a vez de metade do planeta congelar no The day after tomorrow, um filme que até dirige um alerta razoável às nossas consciências sobre o perigo das alterações climáticas. Agora Emmerich foi buscar uma profecia Maia que diz que o Mundo acabará em 2012. Desta vez é o Sol o responsável pelo derradeiro apocalipse da Humanidade através do aumento das suas erupções e fenómenos associados. Não sei se Emmerich terá ficado satisfeito com o resultado. Penso que depois deste desastre dos desastres não tentará mais nada. Mas não ficaria surpreendida se na próxima fita nos apresentasse uma civilização alienígena capaz de pulverizar o nosso sistema solar do outro lado da Via Láctea com um simples sopro estelar! Tudo é possível graças às novas tecnologias de efeitos especiais. Até mesmo sem ela, e de acordo com Hugo Chavez, já existem formas de aniquilar estados inteiros com bombas que causam tremores de terra. Os EUA até fizeram um teste no Haiti. De uma forma ou de outra, tudo é possível. Tornar a realidade ficção e a ficção realidade. Neste momento não há nada que estando ao alcance da imaginação não esteja ao alcance dos nossos olhos. Basta reunir um bom punhado de dólares e duas linhas de argumento. 

Como tenho visto a maioria dos filmes de Emmerich posso assegurar que a qualidade do enredo tem piorado à medida que o grau de tecnologia envolvido e de destruição avança. Ao contrário de muitos eu não penso que um filme de acção não possa ser inteligente só porque nos vai entreter sem desafiar o intelecto. Além do argumento sofrível o que não cai nada bem em 2012 é o tom da brincadeira. Mal ainda apresentados os personagens principais, gente normal, e minutos depois eles já são heróis que voam acrobaticamente por entre destroços numa limusina como se tivessem superpoderes! A cena de escapismo acrobático repete-se ainda por duas vezes com aviões.Tudo é improvável em 2012: da esmagadora destruição às fugas bem sucedidas. Cenas que até são divertidas. Mas numa fita catástrofe há que tomar partido: ou é para rir,tipo paródia, ou é para chorar. Quando 2012 nos faz rir até achamos isso desconfortável. Queremos é sentir o drama de uma tamanha tragédia.Só que o drama é afogado pela espectacularidade dos efeitos visuais e absurdo das situações criadas. Por um lado, os efeitos são de tal ordem esmagadores que não temos espaço para qualquer tipo de contemplação que não seja a do espectáculo da destruição. Por outro lado, não temos fôlego para outro tipo de emoção que não seja o espanto. Ficamos boquiabertos, como que engasgados entre o choro e o riso, e só queremos que o Mundo acabe depressa. 

E agora descobri um site criado para fazer publicidade ao 2012 que também não prima pela sensatez. Instituto para a Continuidade Humana. Para ver aqui. Ou estou a ficar muito sisuda ou acho de certo mau gosto brincar tão a sério com a possibilidade de destruição da nossa casa azul. Muitas pessoas que descobriram este site ficaram mesmo convencidas que o fim do Mundo estava próximo. Sempre li que as estrelas se extinguem e quando isso suceder ao Sol o planeta Terra que se cuide. Muito antes disso penso eu que a Humanidade terá de enfrentar muitos desafios de sobrevivência. Alguns já sou filme e vislumbram, - por exemplo, sobreviver a 2012- outros talvez nem sejam ainda conhecidos. Se souber que o Mundo vai acabar amanhã, faça tudo, mas não veja este filme, 2012, o último filme catástrofe de Roland Emmerich não passa de um filme catastrófico.

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