O vício do café e um blogue novo em folha




Ando a fazer concorrência ao homem dos sete instrumentos:mais um tempo e eu transformo-me na mulher dos sete blogues. Depois de uma semana de febre e sonolência que me forçaram a reclusão forçada, ontem, primeiro dia fora de casa, cometi o erro de tomar cafés em excesso. Nem vou confessar quantos foram mas desde que saí de casa de manhã até que regressei, ao final da tarde, o gesto repetiu-se amiúde. Se estou doente o café deixa de me apetecer, a correlação existe, constatada por mim episódio atrás de episódio. O corpo e a mente acabados de sair do estágio letárgico desses dias transactos absorveram a cafeína como se uma planta sequiosa! Resultado: ao final do dia estava mais hiperativa que uma pulga, o meu coração ouvia-se na esquina e não conseguia concentrar-me em nada, mas nada mesmo, quanto mais dormir!A cafeína dá-me asas, a sério, patas de centopeia e tudo o mais, faíscas, pim,pam,pum! Acabei por me instalar em frente à TV e vi tudo o que havia para ver até às quatro da matina, incluindo um fenomenal episódio do House MD, que continua a em grande forma:grandes diálogos, histórias surpreendentes, porque é que passa tão tarde?!! 

Hoje acordei completamente ressacada quando tocaram à campainha da rua... e era engano...e estou a resistir ao apelo cafeinómano com todas as forças. Sei que mais um me desanuviaria a mente. Só o cheiro dele e já me sentiria outra. Detesto a dependência, toda a dependência, e fui castigada. Esta história do café já tem barbas. Até consigo parar de o beber em casos extremos de emergência médica, mas, reconheço, aquela mistela negra faz-me falta. Há uns tempos vi um anúncio, penso que foi na revista Volta ao Mundo, de uma maquineta minúscula que promete fazer café expresso na perfeição quando andamos em viagem. É portátil, é expressamente idealizada para levar na mala de viagem. O invento perfeito! Há uns anos atrás teria comprado. Agora só não compro porque não ando por aí a cirandar pela estranja. Viajava sempre abastecida de saquetas de negro pózinho instantâneo, o meu fiel amigo.Viajante prevenido vale por dois. 

Estas inelutáveis forças que nos vergam a vontade fazem-me lembrar como estava viciada na internet e na descoberta de novos blogues há um ano atrás. O interregno de meses fez-me mal. Como dizia a um dos meus bloggers favoritos em comentário sofrido, a minha ausência da blogosfera alterou o estado das coisas. Longe da vista longe do coração, tal como na vida real,- escrevia-lhe eu- os meus antigos e habituais visitantes sumiram quase todos e agora eu não tenho tempo para re-fazer novos amigos blogueiros. Parece contradição mas não é. Não sinto necessidade de público para escrever aqui mas para publicar as minhas colagens é algo diferente. Embora tenha ali um pequeno stock delas sem feedback não me dá vontade de as partilhar! Por outro lado o meu interesse pela blogosfera parece efectivamente ter esmorecido. Há vida na Internet, proclama o anúncio, proclamo eu que há vida lá fora. Algo mudou. O meu amigo blogueiro, o Raim, cujo blog é dos que mais gosto, diz-me que é como andar de bicicleta. A ver vamos. O mais paradoxal é que apesar do meu enfadado regresso criei mais um blogue! Ando a fazer concorrência ao homem dos sete instrumentos: mais um tempo e eu transformo-me na mulher dos sete blogues. É um erro. A melhor técnica é ter um bom blogue, um que valha mesmo a pena, e não vários. É como ter dois telemóveis para dois números diferentes. Tem razão de ser mas tem inconvenientes também. Mas eu podia juntar tudo num mesmo blogue se estivesse agora a começar, agora já sei que isso seria ideal. Mas agora é tarde. Agora é como se eu já vivesse numa casa há muito tempo e tivesse arrumado as muitas tralhas nas devidas dependências: não vou mudar para uma nova casa com uma grande sala de estar e enchê-la com os tarecos de uma casa inteira, as peças não jogariam umas com as outras. É uma questão de estilo. 

E assim lá criei mais um blogue!E esse momento da criação é absolutamente divertido, excepção para a escolha do nome -parece que todos os que me ocorriam já tinham ocorrido a tantos outros!Bom, eu precisava desse novo blog para disciplinar a minha produção gráfica. Selei um compromisso comigo mesma de o alimentar com uma coisinha, qualquer coisinha vetorizada,ou pixelada, ou recortada, ou rabiscada pelo menos de duas em duas semanas, parece-me razoável, nem que para isso tenha de recorrer à minha amiga cafeína para me dar asas! E agora, apresentado o rebento, vou mesmo tomar um café que não aguento mais. 

(Nota de actualização: este blogue teve vida breve e acabou por se extinguir!!!)

Comentários

Jorge Ortolá disse…
Pois é Isabel, pisguei-me para Espanha, mais própriamente para a Catalunya. Estou em Figueres, terra de Salvador Dalí.

Estou na Instrução. Então e tu, como estás? Bem, espero.