Livro: E se eu gostasse muito de morrer



Lobo Antunes, na Fnac Colombo, Lx, no lançamento deste livro, E se eu gostasse muito de morrer, disse que "muitos escritores dizem com satisfação "pelo menos eu pus os portugueses a ler" - mas,acrescentou, - "isso é tudo uma treta".
Alguém que já tenha lido este livro - E se eu gostasse muito de morrer - diga-me se vou ficar ainda mais doente quando começar a ler isto. O título tem um toque de humor negro muito apelativo. Lobo Antunes esteve na apresentação do mesmo na Fnac Colombo e jurou a pés juntos que é muito bom. No Eixo do mal, a Clara Pinto Correia também. Será que são os dois amigos do escriba? Eu já não acredito em ninguém. Ver para crer, melhor, ler para crer. Mas o pior é que aqui já pagámos antes de comer. Ou seja, se o prato for mau e a digestão pior ainda, é de aguentar.

E embrulhar. Vem aí o Natal. Se não gostar, sempre posso oferecer a alguém que me tenha tramado e já me lembrei de um ou dois sujeitos. Até posso alterar a capa no Photoshop para E se eu gostasse muito de te matar. Talvez o Rui me queira nas Produções Fictícias. Humor negro é comigo. Medíocre é muita da literatura que se vende por aí, verdade, não é preciso ser o Lobo Antunes a dizer. E é por isso que eu olho para os livros de lado, sobretudo primeiras obras. Mas mesmo que não fosse isso e os olhasse de frente seria igual. São demasiado caros para o meu bolso roto. Este deve ser o último que leio este ano. Verdade, hoje vou passar o serão na leitura, a minha virose está em alta e pede-me actividades relaxantes.

Sinopse: Na confusão do mundo, um rapaz sobe a rua. O Interior é igual em toda a parte.
Mas hoje vai mudar. Ele traz um segredo terrível no bolso do kispo.
Faz calor na província dos suicidas. Dá vontade de rir: uma cidade em que até o coveiro se mata… São estatísticas, tudo em números.
Na Internet, há sexo e doidos japoneses e americanos para conversar em directo. No campo, granadas e ervas venenosas. No prédio, um jovem assassino toca órgão.
O space-shuttle leva cortiça do Alentejo para o Espaço. O Bispo viu o maior massacre da guerra de África e calou-se.
Mas hoje vai responder. Os factos verdadeiros são os piores.
O amor do rapaz rebentou. Que responsabilidades temos quando nada fizemos?
Em que fado parámos, onde fica Portugal?

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Nota de actualização: o livro é muito bom!Recomendo!
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Rui Cardoso Martins (Portalegre, 1967) escreveu os romances E Se Eu Gostasse Muito de Morrer (2006, reeditado em 2016), Deixem Passar o Homem Invisível (Grande Prémio APE, 2009), Se Fosse Fácil Era Para os Outros (2012) e O Osso da Borboleta. (2014). Repórter internacional e cronista na fundação do Público, com dois prémios Gazeta pelas crónicas que deram origem a Levante-se o Réu e Levante-se o Réu Outra Vez (Tinta-da-china, 2015 e 2016). Fundador de Produções Fictícias, é co-autor dos programas satíricos “Herman Enciclopédia”, “Contra-Informação” e “Conversa da Treta”. No cinema escreveu os argumentos de “Zona J” e do último filme de Fernando Lopes, “Em Câmara Lenta”. Escreveu a peça “António e Maria”, com base na obra de António Lobo Antunes. O seu trabalho tem várias traduções.

Comentários

dodo disse…
"Se não gostar, sempre posso oferecer a alguém que me tenha tramado e já me lembrei de um ou dois sujeitos"
Uma boa ideia :)
Unknown disse…
Parabéns pelo seu novo e gráficamente excelente blog, quanto ao resto vou lendo.